SOCIAL

O Coletivo de Trabalhadoras da Baixada Santista dá início, em julho, ao projeto “Fortalecendo as Trabalhadoras Domésticas da Baixada Santista”. O objetivo é mobilizar e organizar as empregadas domésticas da região para a organização de um sindicato próprio. A iniciativa é realizada em parceria com o Instituto Caxangá, com apoio da Fundação Fundo Brasil de Direitos Humanos, por meio do edital “Fortalecendo Trabalhadores Informais na Luta por Direitos”. O projeto prevê a realização de nove reuniões presenciais, uma em cada cidade da Região Metropolitana da Baixada Santista, além de formações sobre direitos trabalhistas e proteção social, orientação jurídica, produção de material informativo e ações permanentes nas redes sociais. A proposta visa enfrentar a precarização do trabalho doméstico e dar visibilidade a uma categoria formada, majoritariamente, por mulheres negras. Segundo dados da Pnad Contínua do IBGE, analisados pelo DIEESE, cerca de 76% das trabalhadoras domésticas no Brasil atuam sem registro em carteira, o que demonstra o grau de informalidade e vulnerabilidade social desse grupo. O Coletivo de Trabalhadoras da Baixada Santista dedica essa iniciativa à memória de Laudelina de Campos Melo, pioneira na luta das trabalhadoras domésticas no Brasil, que iniciou sua militância sindical justamente neste território. Seu legado inspira a construção de um sindicato forte, enraizado nas lutas históricas e no protagonismo das mulheres negras da região.

O Pé Quente, Cabeça Fria (PQCF) foi um projeto de atendimentos gratuitos e online, realizado entre 2022 e dezembro de 2024, voltado a pessoas em situação de vulnerabilidade. A equipe foi formada por profissionais das cinco regiões do Brasil, que receberam formação interseccional e supervisão oferecidas pela Caxangá, como contrapartida pelos atendimentos prestados. Com foco em saúde mental, orientação jurídica e assistência social, o projeto promoveu cuidado acessível, acolhedor e voltado especialmente a pessoas negras, indígenas e LGBTQIAPN+, reafirmando o direito à saúde mental como um direito humano essencial. Ao todo atendemos 21 pessoas.

Cuidado que transforma começa com formação comprometida. A formação interseccional do projeto Pé Quente, Cabeça Fria (PQCF) foi um dos pilares centrais da iniciativa, realizada entre 2022 e 2024. Voltada a profissionais de Psicologia de todas as regiões do Brasil, a formação teve como objetivo promover trocas de saberes, realidades e experiências, fortalecendo uma prática clínica sensível às múltiplas formas de opressão e desigualdade. Mais do que capacitar, a proposta foi sensibilizar e politizar o cuidado, com ênfase no enfrentamento ao racismo, à LGBTfobia, à violência de gênero e ao assédio no ambiente de trabalho. A formação foi oferecida pela Caxangá e acompanhada por supervisão clínica contínua, garantindo suporte técnico e ético durante toda a atuação no projeto. As temáticas abordadas incluíram ética, letramento racial, diversidade sexual e de gênero, HIV/Aids, princípios da orientação jurídica, inteligência social e cidadania, luta antimanicomial e redução de danos, além de questões relacionadas aos povos indígenas e quilombolas. Puderam participar profissionais de Psicologia com registro ativo no Conselho Regional de Psicologia (CRP), cadastro no e-Psi e sem intercorrências éticas no Conselho. A formação representou um espaço de construção coletiva, escuta crítica e compromisso com a transformação social por meio do cuidado. Formamos 16 profissionais.

Aprender inglês brincando e celebrando o Brasil. O TAGARELAS foi um projeto educativo voltado para o estímulo ao aprendizado da língua inglesa por crianças de 5 a 12 anos, com duração de um ano e participação de 17 crianças dos estados da Bahia, Pará, Rio de Janeiro e São Paulo. Mais do que aulas, os encontros funcionaram como verdadeiros laboratórios de brasilidades, onde o ensino do inglês se entrelaçou com as vivências, sotaques e expressões culturais das infâncias brasileiras. O conteúdo seguiu um roteiro básico de introdução à língua estrangeira, mas sempre com espaço para a criatividade, o afeto e a valorização das identidades regionais. O TAGARELAS mostrou que aprender um novo idioma pode ser também uma forma de se reconhecer, se expressar e se conectar com o mundo — sem abrir mão de quem se é.

Acesso à justiça como direito, não privilégio. Durante um ano, o Instituto Caxangá, em parceria com o escritório Meneghello & Mattos, promoveu uma iniciativa de orientação jurídica online e gratuita, voltada a pessoas que não têm condições de arcar com os custos de um atendimento jurídico particular. O projeto teve como objetivo oferecer serviços jurídicos de qualidade, com escuta atenta, linguagem acessível e compromisso com os direitos fundamentais. As pessoas interessadas preenchiam um formulário com seus dados e a descrição do problema jurídico. Após análise, o Instituto entrava em contato para agendar uma consulta online com um dos advogados parceiros. O atendimento foi realizado de forma sigilosa e confidencial, com orientações em diversas áreas do direito, como trabalhista, previdenciário, civil e do consumidor. Além de esclarecer dúvidas, a iniciativa buscou fortalecer o acesso à informação e à cidadania por meio do direito.